top of page
Designer (5).jpeg
Buscar
Foto do escritorMatheus Ussam

Blockout: Cancelamento de celebridades e a verdade sobre si. Seriam os deuses verificados?

Atualizado: 3 de nov.


um aclaquete cheia de celebridades sendo canceladas
Blockout de celebs

E no panteão grego os deuses festejam a sua divindade enquanto os mortais enfrentam suas mazelas.


Já diria Tio Ben "com grandes poderes vem grandes responsabilidades", mas essa frase não é do panteão Marvel e sim tirada de um contexto muito mais profundo. Em Lucas 12:48 o Carpinteiro mais influente do mundo diz algo assim: A quem muito é dado, muito será cobrado. O conceito é este. E essa conta chega uma hora ou outra. Todos nós pagaremos. Agora imaginem o mundo das celebridades e subcelebridades.


Sabe o que ele mais fala em Lucas? "Negue-se a si mesmo, pegue sua cruz e me siga". Negar a si mesmo, ao seu ego. Aqui coloco Freud. Você se conhece de verdade para se negar? Nem as celebridades e verificados, nem o motorista do ônibus, pouca gente se conhece de verdade a ponto de poder dizer com certeza matemática que tudo que faz é por vontade própria e não por influência de outros. Influencers.


A estudante é influenciada pela conta verificada, que é influenciada por uma celebridade, que é influenciada por uma empresa que dita o rumo das coisas. Mas qual o rumo? Qual o destino? Imagine que você tenha uma caixa de meias de lã e queira vender em um lugar onde a temperatura média é de 40°. Você pode criar uma demanda, inventar uma utilidade do produto ou convencer uma pessoa influente a usar aquilo e desta forma, mesmo sem função, a peça passa a ser um acessório de moda e gera uma sensação de pertencimento. Mas por qual razão fazemos isso? Não sabemos quem somos.


Vivemos uma vida fugindo da rejeição, sejam celebridades, sejam trabalhadores de fábricas, todos iguais com desejos iguais, todos em busca de pertencer a algo. Quando buscamos influenciar e deixamos nos influenciar é a isso que recorremos: a falsa noção de pertencimento. Não existe regra moral para este sentimento. Michael Jackson afirmava que gostava de dormir com meninos, só dormir. Verdade ou não, pais de crianças permitiam que uma pessoa completamente estranha, desconhecida dormisse com seus filhos de 12 anos por identificar nele uma divindade absurda. Grande artista? Sem nenhuma dúvida. Algum tipo de deidade? Não.


Apenas uma pessoa vítima de circunstâncias com suas questões que o fizeram construir uma "Terra do Nunca". Isso desmerece o artista? Não. Isso só mostra que somos todos iguais.


Jackson não sabia quem era. Mas influenciava e vivia como deidade.E usava disso para seu prazer, seja ele qual for. Mas então qual a diferença de um sacrifício humano a um deus e da permissão de um filho dormir junto a um estranho? Pertencimento, rejeição e influência.


Hoje em dia aparecem os influenciadores de jogos de azar. Mas também temos os de diversas áreas, os que não tem área nenhuma, apenas milhões e milhões de seguidores. Uma seita? Freud dizia sobre o "sentimento oceânico" e a vontade de preencher um vazio deixado por alguém que cuidava da gente. Ele fala de religião, mas não conhece o mundo das celebridades e dos influenciadores.


Hordas de pessoas que, como manada, seguem um guru de qualquer coisa em busca de validação, mas que entendem e justificam que estas pessoas, das mais comuns e sem graça, sejam seus líderes messiânicos. Estas pessoas que se tornaram mitos através de números, engajamentos, passam a vida vazia usando drogas, bebendo, com amigos (que no fim das contas são pessoas que retiram benefícios) em seus próprios mundos vazios orbitando mundos vazios.


Viktor Frankl, psicólogo, pai da logoterapia e sobrevivente de campos de concentração, disse mais ou menos que o sentido da vida está em fazer sentido na vida de outra pessoa. Criar pontes. Influenciar é criar laços. Frankl acreditava que o dedicar sua vida a uma causa ou amor as pessoas era o sentido e só isso fazia sentido. A felicidade para ele era simplesmente uma consequência disso e não o motivo do sentido da vida. E egocentrismo é uma doença contagiosa que corrói e inebria o ser humano.


A valsa ressoa pelos salões iluminados de um baile atemporal.


Poderia ser em algum palácio francês onde a sociedade pediu a cabeça de uma monarca. Pode ser em um museu também e o resgate da guilhotina acontece no MET Gala, aquele baile beneficente. Vamos entender: quando pessoas influentes fazem um evento beneficente jamais é por uma "boa causa". Egos desfilando e a ignorância quanto a si mesmos desfilam joias e vestidos que movimentarias países contra a pobreza. Aí entra a questão: eles são obrigados a intervir?


Por isso corroboro com o pensamento de Frankl e utilizo disso para apontar o vazio existencial da vida destes que foram alçados a deuses por humanos vazios em busca de alguém que os direcione. Todo e qualquer deus tem uma obrigação junto aos seus fiéis e em proporcionar algo que melhore suas vidas. No afã de justificar isso, vendem misérias oriundas de instituições que mutilam a esperança do povo. Isso não é ser influente, é ser ditador, usurpador, sociopata e toda a sorte de quem realmente acha que a culpa é dos outros.


"A culpa é minha e eu coloco em quem eu quiser" - Homer Simpson.


Responsabilidade é a palavra que muitos desconhecem. Entrando na festa do MET, vemos as luzes piscando como se o céu se rendesse ao desfile de seres transcendentes. Meros mortais que devem ter de mau odor nas axilas até micoses, como eu que ando de chinelo e não seco entre os dedos dos pés. Igualzinho a mim, reles mortal. Quando se instaurou o movimento de blockout e criaram as tags #celebrityblocklist, #letthemeatcake e #blockout2024 as pessoas se revoltaram com os olimpianos. Como um mundo cheio de sofrimento pode virar as costas e esquecer disso para celebrar um grupo de pessoas que não tem nada a ver com a humanidade, vivendo uma mentira vazia e virando eles as costas para as enfermidades da sociedade?


Blockout: Cancelamento de celebridades e a verdade sobre si. Seriam os deuses verificados?


um print
Threads e o fim do Twitter

Hoje em dia, após o banimento do Brasil da rede social X (ex twitter), o mundo se viu em um espaço onde não imaginava. O dono desta rede, dentro do seu narcisismo típico de uma deidade infantilizada, desafiou a legislação deste país como se fosse algum tipo de herói. Na esquizofrenia em que se encontra, não mensurou que é só uma criança com dinheiro. Irrelevante em todos os pontos, seu fã clube que lucrava ou que o idolatra ainda range os dentes em busca do leite derramado. A maior mentira que ele propaga é a da democracia. Nenhuma pessoa na posição dele (que já tratou de criar um selo dourado para mostrar quem manda) se preocupa verdadeiramente com seus seguidores, apenas com os números.


O que você pensa sobre o "Blockout" e a influência das celebridades?


outro print
Influenciador com medo

Você consegue visualizar o pânico que se instaura quando, de alguma forma, aqueles que giravam a roda do ego param de fazê-lo. Qualquer um que perca seguidores passa a experimentar o sentimento da rejeição que muitos de nós tentamos fugir, e argumentando que as redes sociais são instrumentos de ganha-pão, ignoram que seus seguidores também têm suas necessidade que são amplamente negligenciadas por poderosos, mas que são iludidos em um mundo doente e negligente que criam para que as próprias necessidades sejam atendidas.


Ora, o que podemos fazer? Dizem eles. Quando decidem se abster para não perder o falso amor recíproco (finjo que amo e me importo, fingem que me amam e se importam), petrificam. Imagine questionar o status quo em um evento como o MET? Nunca mais serão convidados do seleto grupo nefasto de pessoas influentes que tomam café da manhã em taças feitas com sangue de crianças vítimas da guerra.


Agora podemos facilmente colocar neste balaio os falsos profetas, religiosos, políticos, coachs que já utilizam da falta, do espaço vazio do sentimento oceânico para vender qualquer coisa, de salvação falsa a estilo de vida, esperança e mais e mais vazio. Sem esquecer dos que vendem diagnósticos para vender remédios. Até a medicina está entrando nesta onda.


E esta onda do cancelamento, seria uma espécie de recalque? Psicanaliticamente falando pode ser, mas, no entanto, parece mais um vislumbre de sanidade. Pessoas pleiteiam a divindade se colocando acima de outras, ditando o que devem ou não fazer, cancelando e aprovando condutas (que só beneficiam a eles mesmos) criando mentiras e ilusões enquanto só querem que outros seres humanos sejam subalternos e subordinados a eles mesmos. Querendo ocupar seus espaços no panteão dos deuses virtuais, a apoteose de enxofre não percebe que o afastamento da vida santa diária os afunda em seus próprios poços de chorume.


A "sublimação" de que fala Freud, o mecanismo de defesa que canaliza impulsos primitivos para atividades socialmente aceitáveis, parece falhar diante do vazio existencial que permeia a vida de muitos influencers. A busca incessante por validação externa, a necessidade de se apresentar como "feliz" e "perfeito" em um palco virtual, mascara uma profunda insegurança e uma sensação de vazio. O "Blockout" é, portanto, um grito de revolta contra essa falsa imagem de perfeição, um desejo de quebrar a ilusão e exigir autenticidade.


Não é atoa que o evangelho puro e simples, as filosofias orientais que vivem do necessário sejam sempre tão impopulares mesmo que muitos a utilizem para compensar a balança do self.

Filosoficamente, por sua vez, nos leva a questionar o papel da celebridade na sociedade. A figura do "ídolo", presente em todas as culturas, deixa de ser um símbolo de virtude e passa a encarnar o consumismo desenfreado e a busca pela aparência. As celebridades, com suas festas de luxo e ostentação desenfreada, se tornam um reflexo do próprio sistema que as criou, um sistema baseado na competição, no individualismo e na busca incessante pelo reconhecimento.


O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça, Aquele que se popularizou por ser mais servo do que senhor deixa um exemplo psicológico para os que querem influenciar dos palácios, sejam das repúblicas ou dos bairros nobres: a infleuncia de você só vai até onde a vista alcansa.


No final das contas, dentro do caixão só cabe um. E neste mundo, seguir um Mendigo (como disse certo coach messiânico candidato a prefeito) parece uma estupidez, mas seguir promessas vazias e acreditar em uma pessoa que não tem reconhecimento nem na fila do pão parece superesperto. Tudo é religião e fé, mas parece que a tendência é crucificar as pessoas erradas e exaltar Barrabás.


Tudo é Freud e seu sentimento oceânico, o desejo e o orgasmo em cada novo seguidor, em cada nova curtida de uma celebridade em um comentário absorto. Aparentemente quem criou pontes resiste, mesmo que de formas mais sutis, no entanto os bacanais egóicos continuam florescendo de tempos em tempos. Está na hora de enterrar novamente estes falsos profetas no ostracismo de uma fila de emprego que é de onde todos nós viemos. Influenciar pessoas não é emprego, é ser humano.


O "Blockout" é um fenômeno complexo, uma rebelião contra a superficialidade, a desumanização e a falsa promessa de felicidade que as celebridades oferecem. Ele está nos levando a questionar o papel da celebridade na sociedade, isso já é questionado na própria arte, e o significado da subcultura na era digital e a importância da responsabilidade social em um mundo cada vez mais interconectado.


O fim da subcultura, como a conhecemos, pode estar próximo, e o "Blockout" é um sinal de que as pessoas estão cansadas de viver em um mundo de ilusões. A busca por autenticidade, empatia e responsabilidade social pode ser o próximo passo na evolução da cultura digital.

 

Ah, um texto batido, aliás. Mas parece que as pessoas não entendem ou fingem não entender. Ou a hipótese mais certeira: é melhor para todos (quem ganha) que não entendam (quem é influenciado e perde).




1 visualização1 comentário

Posts recentes

Ver tudo

1 comentario

Obtuvo 0 de 5 estrellas.
Aún no hay calificaciones

Agrega una calificación
Invitado
03 sept
Obtuvo 5 de 5 estrellas.

😍

Me gusta
bottom of page